domingo, 16 de febrero de 2014

Isla Gable -fotoTierra del Fuego

foto: Isla Gable - Tierra del Fuego - República Argentina


(Buenos Aires)

Una nueva fotografía de un hermosísimo paisaje del lugar más austral de la Argentina, Tierra del Fuego, la Isla Gable

viernes, 7 de febrero de 2014

Eliane Potiguara

HOMEM

Homem que nesta fortaleza mágica
És capaz de transformar
Tua dor e tua coragem sólidas
Os vícios e os princípios másculos
Em carinhos e créditos
Mas amantes com fé?

Homem, que me dizes - Hoje - Mulher!
És capaz de te despir
Deste sórdido destino
Deste código maldito
Que te faz muito sofrer
E que a história impõe te dar?

Homem, que me fazes, porém, sorrir...
És capaz de te impor
Diante da crueldade maior
Do egoísmo secular
Do poder e do julgar
E defender tua mulher?

Homem que me fazes, então, chorar
É possível despertar
Tão virgens teus fortes peitos
Rir de teus velhos conceitos
E ver o fêmeo em ti brotar
Acreditando em quem te quer?

Homem que não me permites errar!
És capaz de perdoar
Sem cobrar mil sacrifícios
Me ceder bens ou benefícios
E lá na frente me tomar?

Então, homem!
Contigo e por ti quero criar
E nas matas fecundar.
Produzir nas fábricas
Produzir nos campos
Produzir no lar...

Trabalhar com as mãos
Batalhar com as mentes
Numa célula crente.
É aí que eu te quero gente
E aí, eu te quero amante...

Portanto, homem
Eu te quero forte
Mas também te quero fraco...
Eu te quero rindo
Mas te quero chorando...
Eu te vejo indo
Mas te quero chegando...
Suponho-te potente
Porém também és impotente
Parece-me prepotente
Mas muito esforça-te humilde...
Eu te quero homem
Eu te quero humano
Eu te amo hoje
Eu te amo sempre
Eu te quero herói
Porém te vejo homem
Homem até errante
Mas da verdade urgente

Homem !
Concebeu a mim, não de uma costela
Mas de uma estrela, que trabalhava bela:
Mãe, fêmea, amante sécula
Mas com seus direitos de mulher.


NESTA NOITE SOMOS TODOS IGUAIS

Bom-dia sol! Nesta noite eu renasci.
Vi brilhar a luz em mim
Num carapinã que aos meus ouvidos
Zumbia o futuro de um colibri.

Canto teu primeiro beijo
Nas asas de uma imensa arara
Preparo o sagrado beijú
Pra te fazer delirar num calor primeiro

Pouco a pouco essa coisa louca
Vai-me tomando feito Anhangá
És tu que me cheira
Que me morde
Que me beija
Que me penetra até sangrar

Corre-me nas veias quentes
O delírio que me rouba a paz
Agonizo-me inteira!
Enrijeço-me solteira!
É tua boca que me suga a fonte sagaz...

Aqui sob o troco amazônico
Grita forte - LIBERTO - atônico
O velho ancestral
Um bruxo das matas
Dos rios
Dos lagos.
Me traz uma cana caiana
E me diz que é pra quem ama

Me entrega um atobá
E diz que um homem honesto
De olhos claros - GUERREIRO
Repousa enfeitiçado
Porque nele começa o primeiro reinado

Ao  bruxo, lhe disse o rei astuto
Acordando dos sonos matinais:
Que nas asas do Pitiguary
Viajaria no âmago das matas árduas
E traria - rápido - o bálsamo da HISTÓRIA
E traria - ríspido - a verdade nos matagais.
O rei - o meu rei amante - ainda sussurrando
Levantou áspero e sumiu pelos ventos
Nunca mais se bateu olhos nele, no entanto...
Mas ele deixou marcado nas pedras errantes
Um princípio de vida pros ilustres e banais:
“Nesta noite somos todos iguais”.

(c) Eliane Potiguara
Río de Janeiro
Brasil 

*Eliane Potiguara foi indicada em 2005  ao Projeto Internacional "Mil mulheres ao Prêmio Nobel da Paz", é escritora, poeta, professora, formada em Letras (Português-Literatura) e Educação, ascendência indígena Potiguara, brasileira, fundadora do GRUMIN / Grupo Mulher-Educação Indígena. Membro do Inbrapi, Nearin, Comitê Intertribal, Ashoka (empreendedores sociais), Associação pela Paz, Cônsul de Poetas Del Mundo. Trabalhou pela Declaração Universal dos Direitos Indígenas na ONU em Genebra. Seu último livro é “METADE CARA, METADE MÁSCARA”, pela Global Editora. Ganhou o Prêmio do PEN CLUB da Inglaterra e do Fundo Livre de Expressão, USA.
 Site pessoal: www.elianepotiguara.org.br     Institucional:   www.grumin.org.br